domingo, 1 de maio de 2016

Acontece no deserto.



Gente de toda Jerusalém e de toda Judeia
ia para os lugares desertos da Judeia, para ver e ouvir João; e quando confessavam seus pecados, ele os batizava no rio Jordão. Mc 1.5


Deserto (Khóra) pode ser traduzido por lugar inabitado. Não precisa necessariamente, neste caso, ser um lugar árido, mas pode ser um lugar solitário, bem como ambiente com condições inóspitas.

A pregação da Palavra estava no lugar em que deveria estar, no deserto! É para lá que as pessoas são conduzidas nas encruzilhadas da vida. É no deserto que se reúnem os desesperados, os frustrados, os tristes, os desempregados, os separados, os abandonados, os doentes, os oprimidos. A vida tem conduzidos muitas pessoas ao deserto, a este lugar solitário, poeirento, e cercado de perigos por todos os lados. Neste lugar, uns não suportam e morrem, uma morte que nem sempre é física, mas, na maioria das vezes é emocional. QUEM SABE VOCÊ ESTEJA NO DESERTO?

João Batista, aquele que foi designado à preparar o caminho do Senhor, desenvolveu seu ministério no deserto. Usava uma roupa estranha (pele de camelo) e era adepto de uma gastronomia muito exótica (mel e gavanhotos), não tinha como não reconhecer aquele homem, pois era uma figura diferente, que “causava”, e tinha uma missão extremamente difícil: pregar no deserto.
Batista, evidencia seu ofício, ou seja, ele batizava. O milagre é que, mesmo no deserto, tinha gente pra João batizar. Sim, aqueles que formavam as muitas diversas categorias de pessoas que, por motivo ou outro, precisava ouvir e decidir por caminhos diferentes àqueles que a vida lhes havia conduzido.

Não é fácil trazer pessoas para ouvir uma pregação bíblica no deserto, mas não é difícil falar ao coração daqueles que já se encontram no deserto da vida, oprimidos pelas mazelas de sua triste sorte. Ali estava o servo de Deus anunciando aquele que era maior que ele, com uma missão mais poderosa e difícil que a dele, a qual iria mudar o mundo!

POR QUE AS PESSOAS SE BATIVAM? O batismo para o judeu da época de João Batista tinha um propósito muito bem definido, batizar-se era uma ação simbólica de uma atitude/decisão séria e profunda que alguém estava tomando em relação a Deus.

Este conceito era proveniente dos moradores de Qunrã. Um grupo judeu que preferiu se ausentar para as regiões mais afastadas para se abster de participar das disputas religiosas e políticas da sua época, vivendo sua fé e devoção, na expectativa da chegada do Messias, o Enviado de Deus, também chamado em grego de Cristo.

Então, quem ia para o deserto sabia que iria encontrar João Batista e sabia sobre o que ele estaria pregando, e é exatamente aquela mensagem anunciada por ele que as pessoas precisam ouvir, pois era uma mensagem de esperança e transformação, mas também exortativa, como por exemplo aquela que foi registra pelo evangelista Mateus (3.7-10):
7 Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?
 8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
 9 e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
 10 Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.

Quem ouvia a mensagem iria tomar uma decisão, e só poderia seguir um caminho, à saber:
1.      Confessaria seus pecados afim de mudar de vida seguindo o caminho da santidade e do compromisso, e é por isso que as pessoas se batizavam, por a partir daquele dia nunca mais iria regressar a velha estrada; 
2.      Ou, permaneceriam frias e inertes a pregação da mudança, da novidade de vida, se entregando aos males que lhes afligiam a alma, e continuarem no caminho do pecado e da condenação.

Talvez, hoje, consigamos entender os motivos que levaram Jesus a se batizar também, não porque tinha pecados a confessar, mas estava deixando claro ao mundo, por meio daquela simbologia, que estava se colocando a disposição do Pai em santidade e consagração (Mc 1.9-10).

É interessante notar que no deserto de João, havia água, o Rio Jordão, mas a sede das pessoas não era de água. A sede daqueles que iam até aquele lugar era a secura da alma, e à estes sedentos somente a água do Espírito Santo aspergida pela pregação da Palavra poderia surtir-lhes efeito.

Portanto, fica para nós a oportunidade de refletirmos sobre a vida. A vida que temos e como queremos que seja a partir daqui. Quem sabe estamos vivendo num profundo deserto na alma, sendo obrigados a conviver com pensamento e lembranças que ferem o coração constantemente, ou com situações das mais diversas, seja na área financeira, familiar, com a doença, ou qualquer outra tristeza, como a do afastamento do Senhor, da Sua palavra, da comunhão com o Espírito Santo.

Deus sabe o que estamos passando, o que nos faz sofrer! Continuar no deserto não é uma opção, a única opção real e a decisão de nos lançarmos em consagração a Deus para viver e experimentarmos a cada dia da sua vontade, que é boa perfeita e agradável.

Se você já passou pelo batismo do arrependimento, volte-se para o batismo da consagração... se ainda não passou pelo batismo das águas, tome esta decisão hoje. ESTA É SUA ÚNICA REAL POSSIBILIDADE!

quarta-feira, 13 de abril de 2016

JULGAR: somos juízes ou temos juízo?



JULGAR:
somos juízes ou temos juízo?

Muito bem... temos diante de nós um tema muito importante e refletir sobre ele é extremamente necessário. É importante porque fala sobre o que somos tentados a fazer todos os dias, pois estamos sempre julgado pessoas e situações, algumas vezes chegamos a conclusões corretas e, outras, somos levados a repesar nossos conceitos.

Portanto, refletir sobre o julgamento que fazemos acerca do que e daqueles que estão ao nosso redor é fundamental. Mas, como julgar? E, será mesmo necessário ficar sempre dizendo para nós mesmo e para mundo quem está e o que está certo ou errado?

No texto que lemos expõe um diálogo de Jesus com um homem muito importante, um doutor da Lei, um dos principais, chamado Nicodemos. Jesus fala sobre o novo nascimento, fala sobre o Espírito Santo, fala das coisas que vem do alto, enfim, Jesus ministra ao coração deste homem coisas profundas, princípios espirituais difíceis de compreender.

Isso tudo, Ele fez, para que o letrado Nicodemos pudesse entender o que ele estava prestes a fazer, morrer pelos pecadores. Então, neste momento, Jesus, estabelece um ponto de contato com o doutor quando cita o que Moisés fez no deserto. No site, aBíblia.org explica isso da seguinte maneira:

Como muitas vezes aconteceu durante a caminhada, o povo, devido aso sofrimentos causados pela vida dura do deserto, perdeu a paciência e reclamou de Moisés e de Deus dizendo: "Por que nos fizestes sair do Egito para morrer neste deserto?" Deus então castigou o povo, enviando serpentes que mordiam as pessoas. Muita gente morreu. Moisés intercedeu junto a Deus e Ele disse a Moisés para fazer uma serpente de bronze e colocá-la numa haste. Quem, mordido por uma serpente, contemplasse aquela serpente de bronze erguida em uma haste vivia (Números 21,4-9).[1]

O povo murmurou e padeceu no deserto. Muitos morreram picados por serpente, mas Deus providenciou um meio de salvação, a serpente de bronze. Quando as pessoa erguiam seus olhos e viam ao alto daquela haste a serpente talhada eles eram curados. É sobre isso que Jesus estava falando, para entender o mover, o agir de Deus é preciso olhar para o alto, aliás, Ele mesmo disse que vinha do alto e por isso era capaz de revelar o conhecimento do alto.
Então, a conversa chega num momento crucial. Jesus disse a Nicodemos que seu propósito era cumprir o seu chamado, seu propósito. Ele veio para salvar o mundo e não para condenar. Suas missão era muito mais elevada!

Jesus veio para proclamar salvação àqueles que precisavam de orientação, cura, libertação, cuidado, ajuda. Quem sabe com isso, possamos ver se desenhando de maneira muito sutil  uma terrível critica aquela religião cheia de dogmas e preconceitos, os quais, mais impedem as pessoas de se achegar a Deus do que, necessariamente, cumprir seu propósito primeiro que é religar as pessoas a Deus. Religião é religare em latim, ou seja é um meio de unir o que foi quebrado ou separado em algum momento no relacionamento do homem com Deus.

Acreditamos que esta crítica seja muito plausível e relevante para uma reflexão da Igreja de Cristo, ou seja, de nós mesmo como Igreja, e nos perguntarmos: nossas práticas tem mais aproximado as pessoas de Deus, ou impedido que elas se voltem para Ele? O que eu falo, o que eu penso, o que eu faço atrai as pessoas para Deus e para seu grande amor ou afasta, criando barreiras intransponíveis aos que estão longe da graça de Deus?

Jesus veio para salvar o mundo, todo aquele que nele crê será salva. A religião condena, porque está mais preocupada em classificar santos dos pecadores, os certos dos errados. Cuidado com seu julgamento em relação aqueles que estão ao seu redor; seja crítico, mas seja também capaz de amar; seja criterioso, mas seja capaz de perdoar. Jesus preferiu não julgar, porque quem julga condena. Não julgue, porque da mesma maneira como julgas serás julgado (Mt 7.2).

Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. (João 3.17)
Pense nisso!


[1] http://www.abiblia.org/ver.php?id=2116
 

domingo, 27 de março de 2016

ELIMAS O “MÁGICO” (Atos 13.4-13)



O termo mágico está ligado a várias interpretações. No contexto bíblico pode designar àqueles que interpretam sonhos, são capazes de conhecer astronomia, mas também podem ser grandes ilusionistas, capazes de enganar as pessoas com seus truques.
Elimas é um desses mágicos que enganam as pessoas, um falso profeta. O que mais chama atenção é seu pseudônimo, Barjesus, o que significa, filho de Jesus. E este filho de Jesus usava de sua magia para enganar o procônsul (governador designado pelo Império Romano para gestar pequenas províncias do império) Sérgio Paulo, que, mesmo sendo homem inteligente não conseguiu sair do emaranhado de mentiras do mágico.
Barnabé e Saulo (que será chamado de apóstolo Paulo), sai em missão com o objetivo de proclamar o Evangelho, passam a visitar as sinagogas judaicas num lugar chamado Salamina, na região de Chipre, mas é em Pafos que eles têm o encontro com o falso profeta Elimas.
O mágico, que era uma espécie de guia espiritual de Sérgio Paulo, tenta impedir que este vá ao encontro dos missionários, Barnabé e Saulo, porém não consegue. O procônsul ao encontrar os homens de Deus e ouvir o verdadeiro Evangelho é tocado e cheio de fé, se maravilha com os ensinamentos dos homens de Deus, mas Elimas tenta de todas as formas afasta-lo da fé. Neste momento Saulo revela quem realmente é este tal Barjesus, ou seja, ele não é filho de Jesus, mas filho do diabo, daquele que é pai da mentira, que engana e busca desviar do caminho do Senhor aqueles que são chamados por Deus à salvação.
Como sinal do juízo de Deus, recaiu-lhe uma cegueira e ele passou a viver na escuridão, escuridão essa que por ele era manifestada quando roubava a capacidade das pessoas de se encontrarem com a verdade de Deus por causa de suas mentiras e enganos. Elimas, se dizia filho de Jesus mas era filho do Diabo, porque não ensinava a verdade que conduz as pessoas ao Senhor, sua vida não revelava a verdade, somente mentiras, a começar por seu pseudônimo, bem como o propósito intrínseco em suas ações, ou seja, enganava para manter seus seguidores ligados a ele, e, assim os mantinham presos na escuridão da ignorância e entorpecidos por suas artimanhas. Elimas dominava Sérgio Paulo com suas mágicas e o mantinha dominado e dependente dele, de sua suposta espiritualidade.
O procônsul foi libertado pela mensagem e manifestação do poder de Deus através da vida de homens cheios do Espírito Santo. Ele creu, maravilhado com a doutrina do Senhor (Atos 13.12).
A partir desta passagem bíblica encontramos um bom paralelo para entendermos um pouco melhor o que está acontecendo, em certo sentido, hoje, por causa dos muitos desvios religiosos e falta de entendimento bíblico-teológico do Evangelho.
O universo evangélico tem se preocupado com o entretenimento. Muitas igrejas contam líderes carismáticos, boa música, grupos artísticos, atividades diversificadas, para manterem seus membros envolvidos em muitas atividades. Isso é ruim? Em parte sim, porque passamos a oferecer as pessoas um pouco mais da insanidade do mundo em que elas vivem, ou seja, muita atividade e um coração vazio; tentativas frustradas para preencher lacunas da alma; ativismo que cansa e entristece, e com o passar do tempo, estes irmãos queridos vão precisar de algo diferente, e pode de ser que, não encontrará nesta igreja local, então, irá iniciar sua procissão em busca de uma nova igreja que lhes deem uma nova experiência religiosa.
Outra característica que encontramos no evangelicalismo atual se revela pelos super-espirituais, homens e mulheres que atraem muitas pessoas para si mesmas por causa de seus dons sobrenaturais. Isso é ruim? Em certa medida, pois os dons são do Espírito Santo, concedidos aos cristãos para servirem a Igreja, Corpo de Cristo, e glorificar o nome de Deus. Os dons não são propriedade nossa, sei que é difícil aceitar isso, mas é a verdade. Nossos dons tem como finalidade conduzir os incrédulos a fé por meio da manifestação sobrenatural do Espírito Santo por meio da Igreja. Quando as pessoas são curadas, libertas, consoladas, supridas, ou qualquer outra experiência espiritual que ela tenha, a glória continua sendo de Deus e é para Ele que estas pessoas precisam ser conduzidas, e é para glória Dele que estas pessoas irão viver e agradecer. Por isso não podemos nos entorpecer com o egocentrismo, achando que nós somos a respostas às pessoas, afinal, o vaso é de barro o verdadeiro tesouro está dentro do vaso (2Co 4.7), portanto, a reposta transformadora que precisa ser expressa ao mundo é: Jesus Cristo em vós, a esperança da Glória! (Col 1.27).
O sofrimento humano sempre será um mistério, sempre estará presente, e sempre será um desafio para Igreja. No entanto a igreja que faz a opção por seguir o caminho do entretenimento não será capaz de entender, aceitar e ajudar pessoas em sofrimento. O show da fé fala de respostas rápidas, quase mágicas, é só dizer algumas palavras e pronto; está tudo resolvido. Não podemos aceitar que seja assim, a dor do luto não se resolve com palavras, mas com companheirismo e isso leva tempo. Assim como a enfermidade, a doença e ferida que demoram pra sarar, assim é o processo da dor, demora pra curar, demora pra ir embora. Não podemos acreditar em respostas prontas para sofrimento, apesar dos mágicos evangélicos, quererem resolver isso com um copo d´agua, com gotas de óleo, ou com fórmulas esdruxulas e venda de patuás gospel. Só conhece o sofrimento quem já o vivenciou, e sua realidade destroça a superficialidade da fé, pois, ou te levará para um relacionamento profundo e transformador com Deus ou não existirá mais nada à se apegar.
O líder carismático, super-espiritual, muitas vezes é surpreendido pelo câncer, pela morte de um familiar, e é nesta hora, quando é preciso se deparar com a dor e problema pessoal, é que descobrimos que não somos tão bons e poderosos assim. Temos na história evangélica mundial o registro de grandes homens de Deus, os quais realizaram coisas inacreditáveis aos olhos humanos, e que por sua vaidade tropeçaram e caíram levando em sua derrocada milhares de pessoas consigo.
Temos que aceitar que as respostas não estão em nós. Vivemos num mundo cheio de pessoas carentes, sofridas e sofrendo de incontáveis males, os quais alguns são conhecidos e outros, talvez, nunca conheceremos. A Igreja não é a resposta, mas tem a respostas. Jesus é o mesmo ontem e hoje, e o será para sempre (Hb 13.8), Ele é a resposta! Jesus é a solução.