O termo mágico
está ligado a várias interpretações. No contexto bíblico pode designar àqueles
que interpretam sonhos, são capazes de conhecer astronomia, mas também podem
ser grandes ilusionistas, capazes de enganar as pessoas com seus truques.
Elimas é um
desses mágicos que enganam as pessoas, um falso profeta. O que mais chama
atenção é seu pseudônimo, Barjesus, o
que significa, filho de Jesus. E
este filho de Jesus usava de sua magia para enganar o procônsul (governador
designado pelo Império Romano para gestar pequenas províncias do império)
Sérgio Paulo, que, mesmo sendo homem inteligente não conseguiu sair do
emaranhado de mentiras do mágico.
Barnabé e Saulo
(que será chamado de apóstolo Paulo), sai em missão com o objetivo de proclamar
o Evangelho, passam a visitar as sinagogas judaicas num lugar chamado Salamina,
na região de Chipre, mas é em Pafos que eles têm o encontro com o falso profeta
Elimas.
O mágico, que
era uma espécie de guia espiritual de Sérgio Paulo, tenta impedir que este vá
ao encontro dos missionários, Barnabé e Saulo, porém não consegue. O procônsul
ao encontrar os homens de Deus e ouvir o verdadeiro Evangelho é tocado e cheio
de fé, se maravilha com os ensinamentos dos homens de Deus, mas Elimas tenta de
todas as formas afasta-lo da fé. Neste momento Saulo revela quem realmente é
este tal Barjesus, ou seja, ele não é filho de Jesus, mas filho do diabo,
daquele que é pai da mentira, que engana e busca desviar do caminho do Senhor
aqueles que são chamados por Deus à salvação.
Como sinal do
juízo de Deus, recaiu-lhe uma cegueira e ele passou a viver na escuridão,
escuridão essa que por ele era manifestada quando roubava a capacidade das
pessoas de se encontrarem com a verdade de Deus por causa de suas mentiras e
enganos. Elimas, se dizia filho de Jesus mas era filho do Diabo, porque não
ensinava a verdade que conduz as pessoas ao Senhor, sua vida não revelava a
verdade, somente mentiras, a começar por seu pseudônimo, bem como o propósito
intrínseco em suas ações, ou seja, enganava para manter seus seguidores ligados
a ele, e, assim os mantinham presos na escuridão da ignorância e entorpecidos
por suas artimanhas. Elimas dominava Sérgio Paulo com suas mágicas e o mantinha
dominado e dependente dele, de sua suposta espiritualidade.
O procônsul foi
libertado pela mensagem e manifestação do poder de Deus através da vida de
homens cheios do Espírito Santo. Ele creu,
maravilhado com a doutrina do Senhor (Atos 13.12).
A partir desta
passagem bíblica encontramos um bom paralelo para entendermos um pouco melhor o
que está acontecendo, em certo sentido, hoje, por causa dos muitos desvios
religiosos e falta de entendimento bíblico-teológico do Evangelho.
O universo
evangélico tem se preocupado com o entretenimento. Muitas igrejas contam
líderes carismáticos, boa música, grupos artísticos, atividades diversificadas,
para manterem seus membros envolvidos em muitas atividades. Isso é ruim? Em
parte sim, porque passamos a oferecer as pessoas um pouco mais da insanidade do
mundo em que elas vivem, ou seja, muita atividade e um coração vazio;
tentativas frustradas para preencher lacunas da alma; ativismo que cansa e
entristece, e com o passar do tempo, estes irmãos queridos vão precisar de algo
diferente, e pode de ser que, não encontrará nesta igreja local, então, irá
iniciar sua procissão em busca de uma nova igreja que lhes deem uma nova
experiência religiosa.
Outra
característica que encontramos no evangelicalismo atual se revela pelos
super-espirituais, homens e mulheres que atraem muitas pessoas para si mesmas
por causa de seus dons sobrenaturais. Isso é ruim? Em certa medida, pois os
dons são do Espírito Santo, concedidos aos cristãos para servirem a Igreja,
Corpo de Cristo, e glorificar o nome de Deus. Os dons não são propriedade
nossa, sei que é difícil aceitar isso, mas é a verdade. Nossos dons tem como
finalidade conduzir os incrédulos a fé por meio da manifestação sobrenatural do
Espírito Santo por meio da Igreja. Quando as pessoas são curadas, libertas,
consoladas, supridas, ou qualquer outra experiência espiritual que ela tenha, a
glória continua sendo de Deus e é para Ele que estas pessoas precisam ser
conduzidas, e é para glória Dele que estas pessoas irão viver e agradecer. Por
isso não podemos nos entorpecer com o egocentrismo, achando que nós somos a
respostas às pessoas, afinal, o vaso é de barro o verdadeiro tesouro está
dentro do vaso (2Co 4.7), portanto, a reposta transformadora que precisa ser
expressa ao mundo é: Jesus Cristo em vós, a esperança da Glória! (Col 1.27).
O sofrimento
humano sempre será um mistério, sempre estará presente, e sempre será um
desafio para Igreja. No entanto a igreja que faz a opção por seguir o caminho
do entretenimento não será capaz de entender, aceitar e ajudar pessoas em sofrimento.
O show da fé fala de respostas rápidas, quase mágicas, é só dizer algumas
palavras e pronto; está tudo resolvido. Não podemos aceitar que seja assim, a
dor do luto não se resolve com palavras, mas com companheirismo e isso leva
tempo. Assim como a enfermidade, a doença e ferida que demoram pra sarar, assim
é o processo da dor, demora pra curar, demora pra ir embora. Não podemos
acreditar em respostas prontas para sofrimento, apesar dos mágicos evangélicos,
quererem resolver isso com um copo d´agua, com gotas de óleo, ou com fórmulas
esdruxulas e venda de patuás gospel. Só conhece o sofrimento quem já o
vivenciou, e sua realidade destroça a superficialidade da fé, pois, ou te
levará para um relacionamento profundo e transformador com Deus ou não existirá
mais nada à se apegar.
O líder
carismático, super-espiritual, muitas vezes é surpreendido pelo câncer, pela
morte de um familiar, e é nesta hora, quando é preciso se deparar com a dor e
problema pessoal, é que descobrimos que não somos tão bons e poderosos assim.
Temos na história evangélica mundial o registro de grandes homens de Deus, os
quais realizaram coisas inacreditáveis aos olhos humanos, e que por sua vaidade
tropeçaram e caíram levando em sua derrocada milhares de pessoas consigo.
Temos que aceitar
que as respostas não estão em nós. Vivemos num mundo cheio de pessoas carentes,
sofridas e sofrendo de incontáveis males, os quais alguns são conhecidos e
outros, talvez, nunca conheceremos. A Igreja não é a resposta, mas tem a
respostas. Jesus é o mesmo ontem e hoje, e o será para sempre (Hb 13.8), Ele é
a resposta! Jesus é a solução.